sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A Mente


Á vontade respondo com a acção! Ou talvez não. A mente do homem é mesmo um bicho de 7 cabeças ou uma bem dizendo, mas essa uma vale por 7, tal a capacidade de dar cabo de si própria. Andava eu com a minha a dar cabo de si própria e de mim por acréscimo, se é que não somos a mesma coisa, quando não tendo mais por onde se estragar pifou mesmo. Ora deparei-me com um problema, consultei aquela minha parte da mente, que funciona mais ou menos como um médico ao qual recorremos quando estamos mesmo mal mas que por vezes age como um mecânico que vai acrescentando os problemas quanto mais moroso é o diagnóstico, e ela martelou na questão da mudança de estilo de vida, menos borga, menos convívio, menos álcool, menos vícios e tal e tal, tudo aquilo que não queremos ouvir. Depois acrescentou que seguindo o rumo mais cedo ou mais tarde estaria em estado terminal ou na melhor das hipóteses estaria em estado vegetativo criativo. Ai pensei 22549 vezes, é que a parte criativa da minha mente é a que mais prezo, acima de tudo tinha de a salvar, tinha não! Tenho e vou, se Deus assim quiser.

Dicotomia


O ser humano, constato, é um ser dúbio. Digo-o porque o sinto na minha pessoa. Se os outros não são eu pelo menos sou-o. O ser humano vive dentro de uma dicotomia, seja ela quente ou frio, bem ou mal, forte ou fraco, vinho ou água, e quanto a isto não tenho duvidas. Ultimamente não consigo aceitar que sou apenas um ser carnal, simplesmente um animal, sinto necessidade de projectar o meu lado espiritual ( e existe quem não acredite que existe em nós os espírito), não me consigo imaginar apenas como um bocado de matéria pensante integrante da lei de Lavoisier. Estou aqui naquele café, sentado naquela mesa (7), que me trás memorias. ao olhar para ela percebo que personifica o meu limbo, aquele mesmo limbo dicotómico, que me tem dotado de uma criatividade e capacidade análoga sem paralelo, viver os problemas eleva-nos ao espírito.

A Queda


não tenho onde cair... vivo
porque depois de morto
a terra de finalizar
a minha queda
ando nesta vida, nu,
como quando me iniciei nela
e será nu,
que me irei dela
cada dia uma lição
cada lição um poema
ou uma canção
nasci para não ser nada
ser nada, sendo tudo
tudo aquilo que acho...sou
amanhã lerei
o que hoje escrevo
e logo sentirei
o que hoje sinto

É quando me calo que digo mais


Surrealismo, acordado pelo vinho, um sonho em que eu pedia carinho e vodka laranja que nem sequer bebo. Tinha uma franja parecia um mancebo apoiado no balcão para não tombar registo a inspiração depois de tragar mais um gole, mole o assento, chega alguém cumprimento, e não falo, pois é quando me calo que digo mais, aonde vais!? Indaguei a bar tender. Pega na fender e põe onde estava, segundo a métrica esta não rimava! Aprofundo a sede, viaja o liquido quente, estou metido numa rede de gente indiferente, entra o criativo mais imaginativo e quer pagar um copo., pensativo escolho um shot, mote para o Gregório, cumprimento e não falo, é quando me calo que digo mais, diz-me bar tender para aonde vais!!!

Abstracção

Abstrai-te, abre a tua mente, põe a língua de fora, sente-la dormente, mingua o teu raciocínio bacoco que diga que é seu o génio mais louco. Começa uma briga, abre uma ferida, compra vontade em pó, esquece a fadiga. Manda um kolmi a um amigo crava moedas a um sem abrigo, pede fiado no café porque na igreja não te fiaram fé, verbaliza a vontade heróico-irónica, canta, a cidade afónica. incompl.

Entre dentes e entre linhas

Que se fodam as meias palavras, as costas voltadas, os entredentes e as entrelinhas, que se fodam os bons ou os maus entendedores das meias palavras, que se fodam os adivinhos contadores de contos que acrescentam pontos, que se fodam os convencidos os condenados e os que sobrevivem, que se fodam os hipócritas e os cínicos, os detentores da razão e os que a perderam.

Amo-te

Há coisas, para as quais não existem explicações mesmo que eu quisesse muito não saberia dizer porquê, pois eu próprio ainda não decifrei. Tick tack, vai marcando o relógio que existe dentro da minha cabeça, compassando o meu tempo e os meus pensamentos, é matemático demais tendo em conta todas as variáveis que tenho de analisar.
Por estes dias vou me passeando, confundindo-me com um bulldozer que manda tudo abaixo, especialmente aquelas coisas que realmente são importantes. Mas eu assim quis, aquele fogo interno consumiu tudo, agora estou vazio, entregue nas mãos de Deus.
Quanto mais livre, mais preso. Não, eu não quero aceitar esses suspensórios que me querem vestir, não aceito não são o meu número. Dêem-me antes uns calções laços e umas havaianas gastas, ensinem-me a nadar, com sorte consigo o peixe que ando há procura e acabo esta estória feliz!!!
Hoje se me perguntarem se sou doido, respondo: não, mas sinto-me como um, aliás ando a treinar para isso. Se me perguntarem qual o objectivo da minha vida, digo: esses são vários mas não se dão bem. A quem procurar saber se gosto de alguém, desabafo: acho que uma vez tentei gostar de mim, mas falhei.
Agora vou anichar-me na minha cama, explorar toda a raiva contida em mim. Vou chorar, se conseguir! São as lágrimas que nos limpam a alma. Infelizmente faz muito tempo que eu não choro, fisicamente claro está, porque dentro de mim se misturam o choro e o riso e quase que se anulam. Esperem um pouco, eu já volto, estão a bater á porta ……………………………………………………………………………………………………………….. Era o carteiro, trouxe um telegrama de lado nenhum, remetido por ninguém e está escrito numa língua que nenhuma língua alguma vez ousou falar, fala de paz, de espiritualidade, de amor-próprio e ao próximo, isso! De amor mas também de fé.
É este o meu desafio, chegou a hora de ser, e eu vou começar a sê-lo já.
Amo-te.

Hiato

Lamento informar, os afectivos deste espaço, que o seu autor está neste momento a viver um período sabático e que segundo o qual se recusa a elaborar as habituais entradas. Pedimos desculpa pelos incómodos que eventualmente possam ser causados aos nossos leitores, avisando-os desde já que não procederemos a indemnizações. Agradecemos a vossa compreensão. Sem mais: Sindicato de Autores Fora de Controle.

P.S: não, hiato não é uma palavra Japonesa.

miss you - 3.35 min de loucura


Huhuhuhuhuhuhuhuhuhuhuuhuhuhuhuuhuhhuhahah. Assim começa aquela musica sexy dos rolling stones a «miss you», ouço-a e estou a viajar para um bar, aliás viajo momentaneamente algures para os anos 70, estou mesmo muito mal vestido, mas a roupa passa-me uma energia dançante era capaz de jurar que tomei alguma coisa. As pessoas á minha volta estão ziguezagueantes abanando as suas fartas cabeleiras algumas esfregam-se umas ás outras, outras fumam substâncias estranhas. É isso estou numa festa hippie e uma miúda dança á minha frente como uma louca abana um xaile, e começa a envolver-me nele, definitivamente ela não está sóbria, dá-me duas dentadas no peito e sussurra-me ao ouvido huhuhuhuhuhuhuhuhuhuhuhuhuhuhuhuhahaha vamos... mas eu regresso a musica só tem 3.35.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A mulher que se humedecia ouvindo citar poemas

Houve uma mulher, bela por sinal que poderia ter tido muito a seus pés. Era daquelas miúdas que imaginamos casadas com um ministro ou com outro qualquer incógnito de carteira recheada. Eis que um incauto romântico certo dia se amantizou com tal dama, dama que dominava a lei das palavras e as regras da sedução. Ora o nosso seduzido, seduzido pelos encantos de sereia da nossa actriz principal se viu atraído por um cenário pitoresco e eternamente desenhado pela nossa intérprete. Ela o convidara para o seu meio, mas o seu meio era um mundo de loucos em que cada louco era um apaixonado esgrimindo as suas artes para a douta donzela, que se deliciava com a batalha animalesca que seus dispersos pretendentes combatiam em prol do possível fruto que almejavam. Nosso personagem contudo não conseguiu aguentar os recitais de poemas que certo veterano pretendente citava em homenagem da, redigo, douta donzela que se sentia no centro do universo com tais palavras. Optou então nosso amigo por ir dormir e abandonar o barco de muitos marujos ou talvez barco para demasiados pretendentes a capitão.
Passados uns meses, o nosso infeliz incauto ouviu da boca de uma amante que quando ele lhe lia em voz alta ela se sentia excitada e humedecida, o que o fez recuar àquele dia passado perto da mulher que desejara, e se sentiu então feliz por ter abandonado tal barco a tempo, pois compreendeu que na altura ela simplesmente… humedecia

O Causidico

Algures num recôndito pais do médio oriente, um homem foi condenado a 365 dias de prisão por ter fornicado uma mulher casada, embora não reclame inocência o causídico diz que a pena justa seria o cumprimento de apenas um dia, pois a mesma deveria ser fraccionada pelo homem da luz, o da água, o corretor de seguros, o colega de trabalho dela, os dois melhores amigos do marido, o porteiro e mais 357 outros homens.

Padrinho á espanhola

O meu nome é Paulo, e sinto-me um patinho feio. Gosto de uma amiga faz rigorosamente sete anos, três meses, uma semana, dois dias, duas horas e trinta e três minutos. Durante todo esse tempo ela já teve seis namorados e três amizades coloridas e eu conheci-os a todos (o valor das amizades coloridas foi uma aproximação, pois como não eram relações oficiosas fiquei um pouco á nora). Estimo que já gastei 5.987 euros e 19 cêntimos em prendas (descontei coisas tais como bebidas ou gasolina nas alturas em que a levo a passear quando ela precisa de espairecer e esquecer as desilusões amorosas). Ela já me disse pelo menos doze vezes este ano e ainda vamos em Março que jamais haverá alguma coisa entre nós além de uma grande amizade. Já me masturbei com ela no meu pensamento, salvo erro cento e vinte e três ocasiões, nas outras 2mil quinhentas e noventa e sete não pensei só nela. Dez minutos foi o tempo máximo que consegui ficar sem estar apaixonado por ela, e isso foi quando a apanhei a fazer sexo anal com o namorado na minha casa da terra em cima da cama dos meus pais, por ocasião do ano novo. Uma vez ela disse que eu era o homem perfeito, e que era pena sermos tão amigos, pois ela não queria estragar as coisas. Convidou-me para ser seu padrinho de casamento. Sr. Doutor, não quererá ela com isto dizer que me quer como padrinho á espanhola?

O amigo ciumento

Gosto muito de beber uma bica enquanto fumo um cigarro e leio o jornal. Este fim de tarde depois do trabalho, um velho conhecido interrompeu o meu ritual, desesperava e praguejava, simplesmente não estava satisfeito com a forma como uma velha amiga o tratava ou talvez pela total ausência de tratamento.
- Sabes João. Eu gosto muito daquela miúda, mas ela bem podia enfiar todo o seu orgulho num sítio que eu cá sei.
- Huuuuum. - Retorqui, ai vinham lamurias.
- Achava que ela se preocupava comigo, que era aquela pessoa com quem podia partilhar as minhas apreensões da vida.
- Então e a tua miúda não serve para esses efeitos!
- Ora ai está, era aquele tipo de conversa, que se procura num elemento externo tás a ver. Passava-mos horas a conjecturar sobre atitudes, nossas e dos outros, a tecer opiniões, regra geral tendenciosas! O resto do tempo levava-o a ouvir raspanetes, pois ela condenava veementemente os meus devaneios amorosos e desventuras sociais e profissionais.
- Se calhar fartou-se de te escutar?
- Talvez! Mas eu também auscultava os seus problemas sentimentais, ás vezes também se assemelhava comigo. Sempre ás avessas com o namorado que a maior parte do tempo era ex.
- Não achas que vocês têm muito em comum?
- Já a conheço faz muitos Verões, e sinceramente em comum não temos nada. Ah, talvez a teimosia, é mulher para não torcer, não gosta de dar parte fraca, a dada altura aprendi que não valia a pena forçar divergências de opinião, deixava-a ficar com a sua razão e eu com as minhas ideias. Há uns anos deixou de me falar p’ai durante uns seis meses, e se eu gostava dela nessa altura, doeu muito mas como homem que me achava não deixei transparecer, assim o pensei, mas sabes as mulheres têm o tal do sexto instinto ou o raio que o parta, e ela andou anos a fio a zombar, pois ela sabia que eu a queria, ai sabia sabia. Grandes vacas estas gajas.
- Tu lá sabes António.
- Em adolescentes tivemos uma zanga após uma paixoneta, depois uma semi-amizade daquelas amizades colectivas tipo rebanho em que todas as ovelhas são semi-amigas ou semi-enamoradas nada é o que parece tudo é uma alegre ilusão da treta, tal como todo o rebanho sem pastor houve cisão e um afastamento entre nós, houve posteriormente uma aproximação que se vinha reforçando nos últimos meses, ao ponto de eu já dizer aos meus botões que já tinha madrinha de casamento, mas desde que tudo se normalizou lá com o seu magano (que é um ganda chibo) nunca mais me ligou patavina, só os vejo nos eventos para cima para baixo á guarda das suas sombras.
- Acho piada á tua forma de nomear e descrever as coisas, eu chamaria aos factos de ciúme.
- Achas. Ciúme tem o magano, eu cá sei bem quem sou e o que quero João e se existe coisa que prezo é a amizade. Mas tão cedo não me vê os dentes ai não vê não.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Forasse

Forasse, o grito do ipiranga foi um forasse, um daqueles gritos presos e que se projectam com a força de um touro investindo. Um gajo põe-se em frente ao monitor e começa a despejar sopa de letras que ninguém vai ler. Alguém me consegue explicar o porquê! Como diria Pessoa « doí-me a cabeça e o universo» e vocês foram apanhados a meio da minha enxaqueca. Ando numa de passar mensagens porque existem actos que não se podem ter, alguém me obrigou a passar dentro dum funil, para isso tenho de ficar muito pequeno para poder caber no reduzido buraco, mas essa ideia de te reduzires à expressão mínima não tem piada nenhuma porque toda aquela massa fica comprimida e começa a pressionar-te cada vez mais até que um dia - tcharan - grito do ipiranga - forasse. Já agora uma pequena reflexão: viver é beber e apreciar a água como se bebesses uma cerveja, respirar como quem inala uns fumos, comer os macacos do nariz como quem mete uma trip, e snifar o próprio ranho, ao fim ao cabo o que fazemos quando crescemos é trocar uns prazeres por outros.

Dadaismo

Escrever é um exercício mental e este texto é um exercício dadaista e uma forma de ocupar um espaço vazio com formas cuneiformes, maneiras de dizer coisas para serem lidas 3 vezes e mesmo assim ficarmos a anhar. Não é preciso fazer sentido é uma questão de fluidez, detesto escrever sem acentos e os e confundem-se com os é, tão a ver onde quero chegar, no fundo não estão a perceber eu sei, mas eu não quero mesmo chegar a lado nenhum, triste mas real. Se querem criticar o que eu estou a escrever façam algo mais louco ainda. Ao menos libertem-se dos espartilhos por apenas um instante e façam-no, vocês precisam de virgulas insensatas nas vossas vidas.Forasse que cena marada, salame e leque. Tiburcio