quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A mulher que se humedecia ouvindo citar poemas

Houve uma mulher, bela por sinal que poderia ter tido muito a seus pés. Era daquelas miúdas que imaginamos casadas com um ministro ou com outro qualquer incógnito de carteira recheada. Eis que um incauto romântico certo dia se amantizou com tal dama, dama que dominava a lei das palavras e as regras da sedução. Ora o nosso seduzido, seduzido pelos encantos de sereia da nossa actriz principal se viu atraído por um cenário pitoresco e eternamente desenhado pela nossa intérprete. Ela o convidara para o seu meio, mas o seu meio era um mundo de loucos em que cada louco era um apaixonado esgrimindo as suas artes para a douta donzela, que se deliciava com a batalha animalesca que seus dispersos pretendentes combatiam em prol do possível fruto que almejavam. Nosso personagem contudo não conseguiu aguentar os recitais de poemas que certo veterano pretendente citava em homenagem da, redigo, douta donzela que se sentia no centro do universo com tais palavras. Optou então nosso amigo por ir dormir e abandonar o barco de muitos marujos ou talvez barco para demasiados pretendentes a capitão.
Passados uns meses, o nosso infeliz incauto ouviu da boca de uma amante que quando ele lhe lia em voz alta ela se sentia excitada e humedecida, o que o fez recuar àquele dia passado perto da mulher que desejara, e se sentiu então feliz por ter abandonado tal barco a tempo, pois compreendeu que na altura ela simplesmente… humedecia

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