terça-feira, 28 de setembro de 2010
O Pugilista
Decerto que se pudesse não teria escolhido esta carreira mas a vida nunca me deu uma alternativa melhor, calcorreei os seus corredores esmurrando, esquivando-me dos seus contragolpes sempre em gestos rápidos e foi ela a vida quem sempre me golpeou mais forte. A minha face reflecte todas as agressões de que foi alvo, mas penso que nos meus olhos ainda se pode ler ternura, ternura por ela, aquela miúda que sem ver imagino sentada na plateia a sentir os murros comigo, quer os importados como os exportados, tudo é nosso nesta vida, as coisas boas e as más, o "cachet" e as mágoas e assim continuo de assalto em assalto até que o gongo soe mais uma e outra vez, mas sempre com o nome dela escrito na minha luva.
domingo, 26 de setembro de 2010
Um dia é o principio
E de repente um dias passas a ser o que nunca te permitiram, e ganhas a noção das possibilidades mas também de tudo aquilo a que te privaram e pensas: Afinal o que é necessário para ser um homem? Sê-lo ou pedir autorização para ser, amanhã serei mais livre, mas já sou um ser humano desde 1981.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Até que a saudade me doa
Não é fácil
nunca foi
não será
não consigo
não suporto
não quero
esta cratera
filha de um cometa
que me invade
e invadiu
chegou não mais partiu
não choro
porque eu
sou a lágrima
e escorro
escorri
dos teus olhos
que me fitam sem partir
fica, vai, espera
não sei
não é fácil
nunca foi
não será
não consigo
não suporto
não quero
quero sim
até que a saudade me doa.
nunca foi
não será
não consigo
não suporto
não quero
esta cratera
filha de um cometa
que me invade
e invadiu
chegou não mais partiu
não choro
porque eu
sou a lágrima
e escorro
escorri
dos teus olhos
que me fitam sem partir
fica, vai, espera
não sei
não é fácil
nunca foi
não será
não consigo
não suporto
não quero
quero sim
até que a saudade me doa.
sábado, 11 de setembro de 2010
No Salão
Apaguei o meu cigarro antes de entrar, limpei os sapatos no tapete vermelho antes de trespassar a porta, no corredor já podia ouvir soar a música e apressei o passo pois o meu coração acelerara com o meu atraso, quando entrei no salão senti os olhares dos presentes em mim, como que me dizendo "onde tens andado?". Tu estavas exactamente no meio da sala de costas para mim, mas mesmo assim senti o teu olhar triste sobre mim, andei sobre o soalho chegando-me a ti, soprei o teu nome enquanto cheirei o teu cabelo e pedi-te perdão. Aguardas-te momentos enquanto te sentias, viraste-te lentamente para mim, e fulminaste-me com os teus olhos que encerram o mundo pedindo-me que mergulhasse em ti naquela música ao ritmo compassado do amor.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Subscrever:
Mensagens (Atom)