sábado, 17 de setembro de 2011

Secretária e café

Esta é a primeira vez que me debruço sobre esta secretária, naquela que já te disse, me é impessoal, talvez aqui e agora escrevendo, eu esteja a iniciar a nossa relação. Esta noite fiquei em casa por força maior, sabes como detesto a solidão, e o som da tv não me consola dai que fuja a sete pés destas paredes, mas hoje fortuitamente permaneci. Que ridículo, lembro-me agora que em miúdo sonhei com este momento, eu já homem no meu espaço levando a caneta a dançar sob o papel, consumindo cigarros e café, sim café que tanto adoro, bom companheiro.
Interagimos à muitos anos, eu e o café, foi a minha Bia que me iniciou, avó linda, ela achava que eu era um menino mole, portanto a cafeína seria por certo o estimulo ideal. Interessante, desde pequeno me acharem necessitado de estimulo!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A crediblidade do fim

Acredita em fim
persegue o principio

se o livro acabou
não teimes em lê-lo mais.

Se buscas uma sensiblidade apurada
apraz-te a dor
motriz da tua arte.

Lamentas o dom
saboreia-lo mal,
vira-o do avesso.

insatisfeito
todos os dias
porquê?

Porque talvez de certeza
a dúvida permaneça
para me obrigar
a palmilhar
mesmos por caminhos
que não os meus.

Zero a dividir pelo algoritmo

Destinto ordinário
sisudo dizente
certo ao contrário
está fora presente.

Vinha indo
lentamente apressado
chorava rindo
recordou-se olvidado.

Caiu de pé
levantou-se deitado
cristão sem fé
floriu finado.

Os outros

Os outros,
eu mesmo,
o nós falecido.
A voz cá dentro.
O silêncio fora dela.
A dor, a mesma,
em sentidos opostos.
O hard disk,
a memória ram.
As letras
e os cardumes de letras.
Palavras.
Textos, oceanos.
Livros, universo.
Eu, buraco negro.

Z's

Exercício practico
poema temático
5 Á's e 9 B's
raiz quadrada de Z's

Senhor chatinho

Sr Chatinho, sozinho
tocando a mesma porta
trilha o mesmo caminho
conduta qb torta

ela vai se fechando
ao ritmo que ele bate
dentro há gente chorando
clamam que ele se farte

na mão já calo há
na testa o suor desliza
"o meu amor não mora cá
e ninguém me avisa?!"

"viver vive, pensamos nós
a origem a mesma é
mas o alvo não sois vós
não espereis em pé"

"ide correndo acharás
novo amor em rua caiada
calada a moça está
aguarda bom rapaz
vá bater a outra porta
e deixe-nos em paz"