sexta-feira, 2 de julho de 2010

Erva verde cortada rente 3

O Velho rezingão prosseguiu, tentando parecer desinteressado na presença do menino. Construía em sua volta um muro de tijolo usando suas mãos fortes que empunhavam uma colher de pedreiro que agia freneticamente sobre a massa, de quando em vez um olhar de soslaio para o menino, rapidamente disfarçado pois não queria dar a entender a sua curiosidade em relação a ele.
Diz-me senhor, deves gostar muito dessas pedras, para as amontoares entre si? - atirou o rapazola - todas elas certinhas, só não compreendo porque o envolvem, se continuares ficarás incontactável.
Ora ora, é isso mesmo que desejo, isolar-me de ti e do resto do mundo - respondeu o velho - em breve não me verás mais, nem esse mundo cruel em tua volta, ficarei só e feliz dentro desta chaminé, e se necessário levanto-a tão alto até que colida na lua, não quero ser perturbado.
Achais o mundo cruel? - estranhou o menino - eu acho-o tão interessante e curioso, quero é descobri-lo, abraça-lo e não empilhar pedras que me afastem de si, és muito estranho senhor.
O idoso caiu de joelhos no chão, levou a mãos á cara e colheu uma lágrima, respondeu com a voz mais suave e sincera: Meu menino este mundo já mais nada me dá que dor, uma dor muito profunda, já tive a minha dose de sofrimento, queria apenas isolar-me das memórias dolorosas, e em verdade há muito que não ouvia alguém tão sábio na sua simplicidade.
O que é um sábio? - questionou a criança - sabes senhor és divertido, larga as tuas pedras as flores, as Árvores são mais interessantes e coloridas.

Sem comentários: