sexta-feira, 4 de junho de 2010

Decantação


Saibam que este texto era para ter nascido de outra maneira que chegou até a ganhar forma mas abandonei-o era muito depressivo e estava a ter dificuldade em fluir.
Nos ultimos meses tenho mergulhado em reflexão imposta, os pensamentos ocupam a minha cabeça de forma desorganizada não consigo dominá-los, isto porque me debato com uma guerra muito pessoal, tão pessoal como eu viver dentro de mim e por mais que tente explicar-me não consiga.
Ela partiu sem apelo nem agravo e de forma grave, foi um acto extremamente seco e doloroso para os dois, o ultimo olhar foi blindado, as emoções não se lhe transpareciam,os lábios estavam lividos e os olhos escorriam-lhe para um ponto qualquer no plano obliquo de projecção, o discurso pareceu-me maquinalmente estruturado, o cabelo não estava forte, e a aura era cinzenta.
Partiu com tal convicção que me fraccionou o espirito, partiu-me em bocados tantos como a areia da praia em que me abandonou, aquela a sua praia.
Eu fiquei com a peça de barro que modelá-mos e deixá-mos por acabar, olho para ela e não consigo definir o que realmente é, o que foi, apenas que a partilhámos e tinhamos um fim para ela, agora é apenas um objecto do qual posso dizer que teve o nosso toque.
Tudo me faz sentir que não terá sido em vão, que devo suplantar a culpa e a mágoa, fazer destas experiências a alavanca da minha vida, porque o erro e a dor ensinam, tenhamos nós arte para aprender.
Continuo a amá-la, tanto que me persigo de compulsividade como forma de banir a frustração, ainda existe um caminho para mim, e tem sido essa a chave para a minha sanidade, amar nunca é mau, mesmo que quem se ama nos seja invisivel, que se sinta melhor com outro alguém, não é crime amar, crime é transformar o amor em desprezo ou possessividade e raiva.

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